O conversador incessante

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qua, 09/05/2012

O lado humano das coisas

Antes de começar a usar a PNL, eu tinha problemas com o "lado humano das coisas". Eu gostava de estar com pessoas, mas achava que a socialização era bastante desconfortável, exceto em pequenos grupos de amigos íntimos. Hoje, com a visão e a perspectiva oferecidas pela PNL, reconheço que isso era devido à falta de habilidades específicas em vez de uma questão de personalidade.

Pessoas que falam para você

Minha dificuldade era com um determinado tipo de pessoa, especialmente o conversador incessante. Essa é a pessoa que "fala para você" em vez de se envolver com você.

Elas parecem ter uma capacidade infalível para me encontrar - mesmo num grande grupo ou numa festa. Eu estou relaxado e conversando com as pessoas - no momento seguinte, estou como um coelho ofuscado pelos faróis do carro. Embaraçado e perplexo pelo seu impecável monólogo, eu me sinto preso numa armadilha, incapaz de escapar, com a minha liberdade perdida.

Nessas ocasiões, eu acreditava que essas pessoas se comunicavam de forma efetiva e eu é que estava errado por não ser capaz de me envolver com elas. Eu não reconhecia que todo mundo tinha o mesmo problema e que usavam todo tipo de habilidades para evitá-las -- uma das quais era passar o conversador para mim.

Leões e Zebras

Você provavelmente já viu aqueles filmes sobre a vida selvagem em que os leões perseguem um bando de zebras na savana africana. Logo que os leões atacam, as zebras entram em pânico e se dispersam. Assim que os leões retiram uma das zebras do bando, as outras imediatamente relaxam e continuam pastando. Elas sabem que estão a salvo, pelo menos naquele momento.

Eu costumava ser a zebra a ser derrubada. Assim que o conversador ficava trancado comigo, todos podiam relaxar porque sabiam que o Reg era muito bondoso para aborrecer o conversador inventando uma desculpa para escapar! Ele mantinha o conversador contente por muito tempo.

6 habilidades chaves do conversador incessante

A PNL nos proporciona a capacidade de "modelar" ou identificar o que se passa sob a superfície de qualquer atividade humana. E aplicando isso à habilidade do conversador incessante, podemos ver uma série de padrões.

(1) Primeiro ele o aprisiona. Assim que ele faz isso, é como o leão com a zebra: é o suficiente -- agora a vítima deve ouvir educadamente, ouvir e ouvir.

Logo que o conversador incessante entra no ritmo dele, e isso não demora muito visto que ele não se incomoda com preliminares sociais, ele exibe uma incrível capacidade de falar sem hesitação e até mesmo de respirar. E isso é suportado por um vasto estoque de informações sobre qualquer um dos seus temas favoritos.

(2) Sim, certo, alguns conversadores menos-do-que-perfeitos realmente precisam fazer uma pausa, respirar ou mesmo procurar a próxima informação. Podem ser amadores, mas, invariavelmente, eles têm uma habilidade de backup para tais eventualidades Eles enchem essas breves pausas com comentários alongados (e uma outra coisa... a mais...) ou ruídos (errrrrhhh, iiihh ou ahhhhh) para garantir que você nem consiga escapar, nem, igualmente importante, comece a falar.

(3) Ah, e se você, de alguma maneira, interromper o fluxo deles e conseguir um aparte, eles têm uma outra estratégia. Eles não resistem momentaneamente, olham para você distraidamente enquanto você murmura as suas tolices, e no momento em que você vacilar, eles continuam de onde pararam - como se você não tivesse falado.

(4) Outra parte da estratégia do conversador incessante é não ter nenhum interesse nem sentimentos para com o seu ouvinte. Isso é muito importante: ficar interessado em você ou no que você tem a dizer, pode comprometer toda a abordagem de comunicação dele -- ele pode perder o ritmo de pensamento e o seu poder de encantamento.

(5) Uma outra habilidade chave do conversador incessante é ser capaz de ignorar o feedback da sua plateia -- quer se trate de uma pessoa ou de várias. A maioria das pessoas, enquanto fala, usa o feedback verbal e não verbal para avaliar se está ou não envolvendo a outra pessoa. O conversador incessante não -- ele não se distrai com tais irrelevâncias. Tudo que importa é transmitir o que está em sua mente.

(6) Talvez a mais crítica estratégia do conversador incessante seja a capacidade de cercar 'pessoas gentis', ou seja, aquelas que são muito educadas para ferir os sentimentos do conversador deixando-o falar sozinho. Na PNL chamamos tais pessoas de "rapporters compulsivos" porque elas não podem não entrar em rapport com as pessoas -- elas querem agradar e serem apreciadas por todos! Elas são as vítimas perfeitas do conversador incessante porque nunca poderiam decidir que "essa pessoa é muito chata - eu fora!"

Por que eles fazem isso?

Na PNL, gostamos de descobrir não apenas o que as pessoas fazem, mas porque o fazem. Com o incessante uma coisa é muito certa, ele não é motivado pelo incentivo. Longe de incentivá-lo, os seus ouvintes/vítimas tentam é evitá-lo.

Então, por que ele continua com o seu comportamento antissocial? Que função isso representa na vida dele? As minhas próprias observações sugerem uma gama de prováveis razões:

Eles estão envolvidos em seu próprio mundo -- egocêntricos, simplesmente não estão interessados em você e nos seus sentimentos.

Eles nunca aprenderam que a comunicação é uma troca de ideias, sentimentos e informações de duas mãos.

Eles são tímidos ou nervosos e descobriram que sua conversa também bloqueia seu próprio diálogo interno negativo.

Eles têm medo da interação -- e seus monólogos contínuos servem para manter as pessoas à distância.

Eles estão com medo de não falar - se eles pararem podem não ser capaz de "pensar nas coisas para falar".

Eles acham que são interessantes e que os outros gostam de ouvi-los.

Eles acreditam que comunicação é entreter pessoas ou de lhes fornecer informações.

Como os conversadores incessantes nos afetam?

Se nós modelarmos como somos afetados pelo conversador incessante, se destaca o efeito mais importante. Bem simples, ele embaralha o nosso pensamento.

Em PNL, nós reconhecemos que a maioria pensa usando um ou mais dos quatro sentidos ou sistemas representacionais. Nós pensamos através de imagens mentais, pela análise do diálogo interno ou pelos sentimentos -- e alguns pensam com sons. Todos nós usamos todos os quatro métodos e a maioria se especializa ou prefere um deles.

Alguém falando para nós afeta essa atividade mental. A menos que você seja cauteloso, isso pode até bloquear a sua capacidade de pensar com clareza e de ter seus próprios pensamentos sobre o que está dizendo quem está falando. Nosso pensamento fica embaralhado. É como se a mente se tornasse confusa ou mesmo dormente. Isso, muitas vezes, leva ao pânico, a frustração ou a raiva. Mas, geralmente, somos educados demais para expressar esses sentimentos, e aí, fervermos silenciosamente.

O conversador incessante proficiente nos coloca, na realidade, em uma forma de transe hipnótico. Sem estar consciente disso, ele usa técnicas hipnóticas tradicionais como sobrecarregar a mente, o pensamento crítico inibidor, confundindo o ouvinte e usando falas monotonamente compassadas. E essa questão de transe hipnótico levanta duas advertências:

Se você está tentando fazer alguma coisa ou se concentrar em algo, você precisa que ele fique quieto ou precisa se livrar dele -- caso contrário você corre o risco de cometer erros. Ao dirigir um carro, por exemplo, tal conversador pode fazer você perder a concentração e provocar um acidente, cometer um erro de julgamento ou entrar em transe leve em um momento crítico.

Estar em um transe leve significa que a sua capacidade de pensamento crítico, que depende principalmente do seu diálogo interno, está bloqueada. Afinal de contas, é isso que o hipnotizador tradicional faz -- ele usa o transe para aquietar o nosso pensamento analítico e nos tornar receptivos a sugestões. Por isso, se o seu conversador incessante fala e fala sobre doenças, depressão, fracassos ou outro tópico negativo, não se surpreenda se isso afeta o seu humor no curto prazo -- ou no longo prazo.

Os pontos de ação

Se você faz rapport compulsivamente, fique consciente de que você é a pessoa que o conversador incessante procura. Você não gosta de frustrar nem de ofender ninguém, de modo que você é o único que é caçado numa festa, no trabalho, num treinamento, no ônibus ou no trem...

O conselho é simples: cuide de si mesmo! Você não tem o dever de deixar todo mundo contente -- ou de ser vítima de conversadores incessantes. Temporariamente ponha de lado as habilidades tradicionais de comunicação como a criação de rapport, de ser simpático ou de procurar entendê-los. Nada disso funciona com o conversador incessante -- ele joga um jogo diferente, quer ele perceba ou não. A sua função é cuidar de você mesmo e escapar.

Lembre-se de que eles fizeram isso a vida toda, escolhendo zebras sem habilidades. Assim, para aprender a encontrar e arrebatar ouvintes dispostos eles, provavelmente, desenvolveram uma pele grossa.

Certo, muitos deles vão se passar por ofendidos ou magoados se você se recusar a perder seu tempo. Mas o seu dever é se lembrar de que você é apenas uma zebra do bando. E escapar. Se você conseguir fazer isso algumas vezes, eles desistem e procuram uma presa mais fácil.

Posso mudá-lo com a PNL?

Algumas pessoas podem perguntar: "Eu aprendi PNL - não posso mudá-lo?" A resposta é não -- a não ser que ele queira mudar. A PNL não está interessada em mudar os outros subrepticiamente: ela é para mudar a nós mesmos -- e ajudar as outras pessoas a mudarem a si mesmas, se elas pedirem a nossa ajuda.

Reg Connolly é Trainer e Master Practitioner de PNL, treinador de administração e de vendas.

Artigo publicado sob o título "The Incessant Talkers" no site The Pegasus NLP Training.

Tradução JVF, direitos da tradução reservados.

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