A Significação dos Predicados V A C

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dom, 15/08/1999

Uma maneira de detectar a dominante sensorial de uma pessoa é ouvi-la falar, estando-se particularmente atento às palavras de base sensorial. Quando nos descreve sua experiência, nosso interlocutor seleciona, em geral num nível inconsciente, as palavras que a representam melhor. A linguagem reflete o pensamento. As palavras escolhidas por aqueles que nos falam são o reflexo dos processos internos que utilizam para construir sua experiência presente.

        Escutando os predicados (os verbos, os adjetivos e os advérbios), podemos saber que sistema de representação uma pessoa utiliza num dado momento. "Acho que vamos nos defrontar com um problema difícil de carregar nos ombros. É hora de manter os pés bem firmes no chão e ficarmos juntos."

        "Preciso discutir esse negócio com você. Embora haja risco, o que ele promete me soa bem. Gostaria que você me desse a sua opinião." "Se você examinar com atenção a nossa proposta, verá que tentamos conciliar o seu ponto de vista e o nosso. Não consigo perceber o que o preocupa nesta proposta."

        Os predicados são palavras que repousam sobre uma base sensorial. Aquele que lhe diz estar vendo claramente o cerne da questão indica que naquele momento está construindo sua experiência interna de maneira visual. O que alega não ter contato com você indica que ele está avaliando a experiência que possui do relacionamento com você de modo cinestésico.

        Por mais surpreendente que pareça, nossos interlocutores nos dizem a cada instante o que estão fazendo interiormente. Além disso, fazem-no também de forma não verbal, através dos gestos e movimentos oculares. (próximo artigo).

Abaixo alguns exemplos de palavras de base sensorial.

VISUAL (v) AUDITIVO (a) CINESTÉSICO (k ou c) INESPECÍFICOS
Ver, olhar
mostrar, perspectiva
imagem
claro, esclarecer
luminoso, sombrio
brilhante, colorido
visualizar, iluminar
vago, impreciso, nítido
brumoso, uma cena
horizonte, clarão
fotográfico
Ouvir, falar
dizer, escutar
perguntar, dialogar
acordo, desacordo
soar, ruído
ritmo, melodioso
musical
harmonioso
tonalidade, discortante
sinfonia, cacofonia
gritar, urrar
Sentir, tocar
em contato com
conectado, relaxado
concreto, pressão
sensível, insensível
sensitivo, delicado
sólido, firme, imobilizado
mole, ferido, ligado
caloroso, frio
tensão, duro, excitado
carregado, descarregado
Percebe
experimenta
entende
pensa
aprende
processa
decide
motiva
considera
muda
tem em mente

        Certos predicados não são precisos do ponto de vista sensorial, e é esta a razão por que uma frase não lhe dará indicação nesse domínio. Caso de palavras como: compreender, pensar, recordar-se, saber, crer etc. Nesse caso, perguntas simples, do tipo "Como você sabe isso?" ou "Como você faz para aprender isso/recordar-se etc.?", permitem obter a informação. Seu interlocutor o informará do processo interno que utiliza. É provável que você receba respostas como: "Bem, vejo que... ou "Digo a mim mesmo que...", ou ainda "Sinto que..."

        Às vezes, ao contrário, você descobrirá vários sistemas utilizados na mesma frase.

        - "Vejo bem o que você está dizendo."

        - "O que você experimentou está me falando."

        Mesmo nesse caso, o sistema dominante fica facilmente referenciável. A primeira pessoa é provavelmente visual. Sua estratégia consiste em traduzir o que você diz (A) em imagem (V). Seja Ae ---> Vi. É assim que suas palavras podem tomar um sentido para ela.

        A segunda é de dominante auditiva. Ela traduz o vivido cinestésico do parceiro em termos auditivos. É utilizando tal registro que ela dá sentido às suas palavras.

        Para ilustrar uma combinação diferente, em circunstâncias semelhantes, um cinestésico teria podido dizer: "Sinto muito bem o que você está me dizendo." É a frequência de emprego desses termos que permite determinar a dominante sensorial.

        Ao escutar cada uma dessas frases, temos condições de saber como o indivíduo constrói instante a instante sua experiência da realidade. Numa situação de tomada de decisão, por exemplo, para o visual, ver é crer; já o auditivo precisa de algo que lhe fale; o cinestésico terá necessidade de senti-lo.

        Estas informações têm repercussões importantes em matéria de comunicação e podem mostrar-se decisivas no campo profissional.

Uma adaptação do livro:
Guia de PNL - Novas Técnicas para o desenvolvimento pessoal e profissional
Alain Cayrol e Patrick Barrère
Editora Record

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