A natureza sistêmica da mente e do corpo e como ela se relaciona com a saúde

Escrito por: 

Publicado em: 

ter, 07/05/2013

Toda a noção de causa e de efeito torna a cura das pessoas na sociedade ocidental mais difícil do que precisa ser. Seria muito mais fácil as pessoas se curarem se cada um de nós aceitasse o enfoque sistêmico em relação a saúde e ao bem-estar. Toda a natureza do pensamento sistêmico é acerca das leis que dirigem os sistemas, as relações entre os sistemas, fora dos sistemas e os limites que separam os sistemas. Muitos dos médicos trabalham hoje, com a melhor das intenções, coagidos pelo pensamento linear quando estão tentando ajudar para que o paciente melhore. Eles ficariam em melhor situação se pensassem sistematicamente.

Pensamento sistêmico versus pensamento linear

Os médicos ao invés de se focarem somente na "causa e efeito" da doença do cliente ou da sua condição de saúde, tomando uma perspectiva sistêmica, focariam mais exatamente nos fatores sistêmicos que giram em torno da condição do cliente, como o seu ambiente de vida e de trabalho, suas relações com as pessoas e o seu relacionamento físico, mental, emocional, social e espiritual consigo mesmo.

O primeiro passo e o mais importante no caminho da cura, quando se assume o enfoque sistêmico, é fazer com que o cliente ou o paciente imagine claramente como ele quer ficar no seu estado desejado de saúde e de bem-estar. Estabelecer o resultado irá facilitar o processo de mudança por causa da capacidade do cérebro de funcionar como um mecanismo cibernético. Isso significa que quando o cliente ou o paciente sabe qual é o resultado, a reação natural do cérebro será se organizar em relação a qualquer imagem ou crença que ele criou na sua mente sobre ficar melhor. O cliente vai começar a ter feedbacks corretivos automáticos e o cérebro vai disparar sistematicamente as reações imunológicas necessárias para guiá-lo em direção a sua meta de saúde e bem-estar. (1)

De acordo com Robert Dilts, modelos sistêmicos são diferentes dos modelos estatísticos ou lineares visto que eles lidam com o feedback dos sistemas totais, nos quais se espera que os eventos em qualquer posição no sistema podem, mais tarde, ter efeito em todas as posições do sistema. Uma causa ou efeito particular não pode ser isolado do seu contexto. Portanto, cada parte deve ser considerada e medida em termos do conjunto. Comportamento humano, condições de saúde e as experiências em geral são certamente o resultado de tal sistema. Portanto, qualquer modelo satisfatório da experiência humana - comportamental, fisiológica ou epistemológica - deve ser sistêmico.(2)

Foram os filósofos gregos que, pela primeira vez, dirigiram a sua atenção para o pensamento linear no século 5 A.C. Desde então, tem sido quase universalmente aceito que tudo que tem um início deve ter sido causado por alguma coisa. O filósofo escocês David Hume discordou dos antigos gregos. Hume apoiou a ideia de que a relação causal entre dois eventos ocorrendo em sequência não é nada mais do que um hábito da mente. Em 1739, ele escreveu "Um Tratado sobre a Natureza Humana" que é uma rejeição analítica das ideias geralmente estabelecidas da causação. Hume rejeitou a ideia de que tudo que tem um início deve ter sido causado por alguma coisa.

"Tudo que nós podemos dizer da causalidade é que o que nós consideramos como sendo uma causa sempre precede o que nós consideramos como sendo o seu efeito e que sempre existe continuidade entre os dois. Além disso nada pode ser alegado," disse Hume. (3)

Ideias estabelecidas da causalidade entre biólogos evolucionários suportam a rejeição analítica de Hume. Por exemplo, como podemos descrever a evolução do ovo de um réptil em termos de causa e efeito? De acordo com a teoria evolucionária, o ovo de um réptil é o resultado de mutações randômicas. Numerosos eventos devem ter ocorrido para o desenvolvimento do ovo do réptil ter sido bem-sucedido. Entre as mutações que produziram a casca do ovo e aquelas que produziram o coração do embrião, não existia nenhuma conexão causal; todos esses eventos ocorreram randomicamente. E se não existiram tais conexões, então como todo o processo foi orquestrado? A partir desse ponto de vista, o ovo do réptil aparece como o resultado do auge das coincidências improváveis e randômicas. Por isso, a resposta mais lógica ao dilema primordial do ovo é vê-lo através das lentes do pensamento sistêmico.

O essencial disso tudo é notar a diferença entre o pensamento sistêmico versus o pensamento linear, que é mais ajustado em relação ao conceito da causa e efeito. Leve em consideração que nós somos um sistema de interações e que também somos um sistema dentro de um sistema dentro de um sistema. As interações que acontecem dentro de um ser humano, entre seres humanos e o seu ambiente são sistêmicas e respondem a certos princípios sistêmicos. Os nossos corpos, os nossos relacionamentos interpessoais e as nossas sociedades formam um tipo de ecologia de sistemas e subsistemas, todos eles estão influenciando reciprocamente cada um dos outros. (4)

O processo de interação entre todos esses sistemas desempenha um papel fundamental na nossa saúde e bem-estar pessoal. Nas seções a seguir, o processo de interação entre mente e corpo será mais explorado.

Como os mapas mentais fazem efeito no corpo?

Uma das pressuposições básicas da PNL é que o mapa não é o território. Cada um de nós nesse planeta tem seus próprios filtros pessoais da realidade e desse modo, seu próprio mapa da realidade. Os filtros que nós vestimos durante a vida influenciam o nosso mapa da realidade pessoal. Todos os dias, nós viajamos enfrentando dificuldades por territórios similares, mas como vestimos filtros diferentes e usamos mapas diferentes, esses territórios mostram-se diferentes.

Como seres humanos, podemos nunca conhecer a realidade porque temos que experimentar a realidade através dos nossos cinco sentidos, e os nossos sentidos são limitados. Portanto, nós não estamos aptos a reagir à realidade em si, mas sim aos nossos mapas da realidade. Todos nós temos as nossas próprias visões do mundo e essa visão é baseada no tipo dos mapas neurolinguísticos que formamos. São esses mapas neurolinguísticos que irão determinar como nós interpretamos e como reagimos ao mundo em nossa volta e que dá sentido aos nossos comportamentos e experiências, mais do que a própria realidade. Assim, não é geralmente a realidade externa que nos limita, nos restringe ou nos capacita, mas sim os nossos mapas dessa realidade. (5)

Um dos componentes principais de nossos mapas pessoais da realidade é o imprint. Um imprint é basicamente uma memória formada na infância, e pode servir como origem para as crenças limitantes e para as crenças fortalecedoras que podemos ter adquirido quando crianças. Algumas das crenças limitantes que podemos ter desenvolvido nessa idade nem sempre são saudáveis, e são criadas como resultado de uma experiência traumática ou confusa que já esquecemos. É geralmente baseado nessas crenças a maneira como nós vemos, inconsciente e conscientemente, o mundo em termos de saúde.

Ter um imprint ligado a crenças doentias pode criar sérios problemas para o sistema imunológico. Tenha em mente que o cérebro é sistêmico. Isso significa que, se você está criando crenças doentias na sua vida baseada nos imprints inconscientes, o cérebro irá tentar auto-corrigir essas imagens ou crenças na forma de uma reação imunológica. Mesmo que as crenças limitantes sejam reprimidas ou esquecidas, o cérebro ainda será capaz de servir como catalisador para condições indesejadas de saúde por causa das suas capacidades sistêmicas.

Muitas reações imunológicas doentias são o resultado das crenças limitantes que foram criadas pelas experiências confusas ou traumáticas. Esse tipo de crenças limitantes contém dois aspectos e esses aspectos vivem dentro do imprint ou da memória. Um aspecto é a maneira como você percebeu o trauma/confusão quando criança, a memória ou as sensações do jovem que ainda vive dentro do imprint.

O outro aspecto que nós incorporamos quando experimentamos o trauma na infância, é o ponto de vista das outras pessoas que estavam juntos na hora do evento. Essas pessoas podem ser da família, os professores ou os amigos. É durante a formação dessas imprints iniciais que as crenças limitantes são formadas. Essas crenças limitantes são capazes de se manifestar, anos mais tarde, sistematicamente na forma de doença ou indisposição.(6)

Como as crenças fazem efeito no território?

A noção de crenças e saúde é um conceito que anda de mãos dadas com os mapas e o território. Se a mente é o mapa e o corpo é o território, então as crenças inconscientes e conscientes que temos sobre a saúde pessoal vão sistematicamente fazer efeito em nós, bem como em todos os níveis neurológicos da mudança (isso é, ambiente, comportamento, capacidades, crenças e valores, identidade e, até certo ponto, mesmo a espiritualidade).(7)

Manifestações físicas sem recursos e problemas psicossomáticos, que geralmente estão baseados nas crenças, se tornam evidentes através das interações do córtex cerebral, sistema límbico e o hipotálamo em correlação com os sistemas autônomo, endócrino, imunológico e neuroléptico. E simultaneamente, a capacidade de nos curarmos de tais condições criando crenças saudáveis em troca das antigas - também é evidente através das mesmas interações cerebrais. (8)

No centro de toda essa surpreendente atividade está o hipotálamo que recebe sinais de todas as partes do sistema nervoso pois ele funciona como uma central de informações preocupada com o bem-estar de todo o corpo.

O hipotálamo encontra-se no meio do lóbulo límbico. Embora relativamente pequeno (comparável ao tamanho de uma ervilha e pesando não mais do que algumas gramas), é uma estrutura importante. Ele controla o sistema nervoso autônomo que é composto pelos sistemas parassimpático e simpático, criando estímulos físicos e reações inibidoras dentro do corpo, controla o sistema endócrino e organiza o comportamento que está relacionado aos sistemas reguladores básicos e de sobrevivência do corpo (apetite, sede, luta pela vida, sexo). O hipotálamo portanto, integra as funções sensoriais e perceptivas, emocionais e cognitivas da mente com a biologia do corpo. (9)

A função reguladora mais recentemente identificada do hipotálamo é a sua influência no sistema imunológico. De acordo com Earnest Rossi, autor de "The Psychobiology of MindBody Healing" existem mecanismos psicofisiológicos efetivos pelos quais o hipotálamo pode alterar tanto a atividade celular como a hormonal dentro do sistema límbico. (10)

Além disso, como o sistema imunológico está dentro do lóbulo límbico e o lóbulo límbico é basicamente o centro das nossas funções emocionais e cognitivas, e certas emoções e crenças estão vinculadas a vários imprints dentro da mente inconsciente, então é possível ver e entender como podemos nos tornar susceptíveis as condições de saúde e doenças.

Além disso, Rossi declara que o sistema nervoso autônomo tem sido tradicionalmente considerado como o principal recurso pelo qual a hipnose terapêutica é capaz de atingir os seus efeitos biológicos. (11) Se isso é verdadeiro, então parece evidente que o sistema nervoso autônomo poderia funcionar da mesma maneira com as intervenções da PNL.

Com base em todas as informações mencionadas acima, é lógico, que se você trocar as crenças de uma pessoa, então será possível mudar o seu estado físico de estar num estado sem recursos para um estado de saúde e bem-estar - dado que o novo estado é ecológico em todos os níveis sistêmicos e neurológicos de mudança.

Usando a PNL para criar mudança sistêmica dentro da mente e do corpo

A Programação Neurolinguística pode ajudar uma pessoa a ultrapassar muitos obstáculos e que a impedem de se curar a si própria. Para muitas pessoas, um dos obstáculos mais comum é superar a sua incapacidade de acreditar em seus próprios processos de cura. Se alguém acredita que não vai ficar melhor, ele não vai tomar as ações necessárias para ficar melhor.

No livro de Robert Dilts, "Changing Belief Systems with NLP", ele declara que a maioria das pessoas que passa por momentos difíceis para se recuperar de uma doença ou de um estado de saúde precário, comumente adota uma das seguintes crenças sobre o seu processo de recuperação:

Desesperança: se uma pessoa está desanimada, ela considera ou acredita que o resultado não é realmente possível. Uma afirmação típica seria: "não há esperança."

Desamparo: se uma pessoa está abandonada, ela considera ou acredita que não tem a capacidade de ficar melhor. Algumas afirmações típicas seriam: "eu não sou bom o bastante", "eu não tenho competência para me curar", "a cura é possível, mas eu não sou capaz."

Inutilidade: se uma pessoa se considera ou acredita que é inútil, então ela pensa que não merece se curar. Uma afirmação típica seria: "talvez eu não mereça ser saudável." (12)

Quando estiver trabalhando com qualquer crença limitante como as mencionadas acima, a primeira tarefa do Practitioner de PNL é mover o cliente do seu estado atual de desconforto para o estado desejado de saúde e bem-estar. Isso pode ser feito ajudando o cliente a criar crenças apropriadas para o modo que ele escolheu para se curar. A PNL tem muitos processos que podem ser usados para ajudar o cliente a alcançar seus objetivos.

Exemplo de caso

Os trainers de PNL e coautores Tim Hallbom e Suzi Smith usaram os métodos da PNL para ajudar uma mulher que tinha câncer de tireoide. A mulher tinha feito duas biópsias e ambas tinham dado positivo. Hallbom e Smith passaram 4 horas trabalhando com ela em duas sessões diferentes. Quando a mulher voltou para o seu médico, ele lhe contou que o câncer parecia menor do que antes, mas que ele queria prosseguir e operá-la de qualquer modo porque a espera poderia ser perigosa. Quando ele a operou, descobriu que, de fato, o câncer tinha diminuído e não era mais maligno. (13)

Durante aquelas 4 horas de sessão, os trainers de PNL fizeram alguns reimprintings (14) com a cliente e a ajudaram a integrar alguns conflitos inconscientes profundamente enraizados que ela tinha dentro dela. Eles fizeram isso auxiliando-a a identificar as metas positivas e os conceitos que estavam por trás dos conflitos dela.

Uma das pressuposições é que existe uma intenção positiva por trás de cada conflito, crença ou problema limitante. Isso significa que alguns aspectos da pessoa estão se beneficiando de uma maneira positiva do seu comportamento limitante, do contrário ela não estaria demonstrando o comportamento.

(Um exemplo clássico é o jovem que começa a fumar para chamar a atenção. Ainda que fumar não seja correto ou saudável, a mente pode julgar como positiva a atenção que é obtida pelo uso do fumo.)

Observamos que as metas da mulher estavam em conflito. Quando existe uma meta que está em conflito com outra meta, você começa a guerrear contra você mesmo. De acordo com Hallbom, uma maneira de guerrear contra si mesmo é desenvolver uma doença, como câncer.

Enquanto trabalhava com a mulher, Hallbom a auxiliou a identificar novamente as suas metas e a integrá-las. Uma vez integradas as metas, isso foi capaz de ajudá-la a se mover em direção aos resultados desejados como saúde e bem-estar estar. Até que você saiba quais são os aspectos positivos das crenças ou dos conflitos limitantes, você não pode fazer isso e é por causa disso que a PNL e o pensamento sistêmico são ferramentas valiosas para ajudar as pessoas com problemas de saúde. (15)

Referências:

(1) Dilts, R., T. Hallbom and S. Smith, Beliefs: Pathways to Health and Well-Being, Portland, OR: Metamorphous Press, 1990.
(2) Dilts, Robert, Roots of Neuro Linguistic Programming, Cupertino, CA: Meta Publications, 1983.
(3) Hume, David, A Treatise of Human Nature, London, England: Longmans Green, 1874.
(4) Baseado num artigo que Robert Dilts escreveu sobre Pressuposições e Criatividade da PNL.
(5) Ibid.
(6) Hallbom, T. e K. Johnson Hallbom, Future Medicine Now, Beverly Hills, CA: The Holistic Book Project, 1993.
(7) Robert Dilts é o principal desenvolvedor dos Níveis Neurológicos da Mudança.
(8) Carlson, Neil, Physiology of Behavior, Newton, Mass: Allyn and Canon, Inc., 1986.
(9) Rossi, Earnest, The Psychobiology of MindBody Healing, Makham, Ontario: Penguin Books, 1986.
(10) Ibid.
(11) Ibid.
(12) Dilts, Robert, Changing Belief Systems with NLP, Cupertino, CA: Meta Publications, 1990.
(13) Dilts, Hallbom, and Smith, Beliefs: Pathways to Health and Well Being.
(14) Reimprinting é um processo da PNL que foi desenvolvido por Robert Dilts.
(15) Hallbom, T. and K. Johnson Hallbom, Future Medicine Now.

O artigo The Systemic Nature of the Mind and Body and How it relates to Health encontra-se no site The NLP and Coaching Institute of California

Tradução JVF, direitos da tradução reservados.

Categoria: