Um caso de Enurese

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sab, 16/09/2006

Minha filha sempre teve um sono profundo e molhava-se todas as noites, desde que nasceu. À medida que foi crescendo, isso se tornou um problema para ela. Nós o solucionamos temporariamente com o uso de fraldas, mas a troca delas durante o sono era problemática. Quando eu era criança, eu também molhava a cama, até que meus pais usaram um alarme contra umidade, o que funcionou durante uma semana. Nós tentamos usar isso com minha filha, mas ela ficou apavorada quando o alarme cessou e isso não teve nenhum efeito real, uma vez que o seu sono era muito profundo.

Discutindo o problema, minha filha Helen me fez uma pergunta muito boa: "Como é que as outras pessoas não molham a cama?" Uma vez que isso acontece quando ela está dormindo, ela não pode imaginar de que maneira alguém poderia controlar esse processo inconsciente. Eu comecei a pensar sobre como, exatamente, funcionava o processo.

Quando ela estava se preparando para dormir, em estado de relaxamento, bom para sugestões hipnóticas, eu comecei a falar sobre as diferentes partes dela, que tomavam conta do seu corpo e ajudavam para que tudo funcionasse bem. Nós falamos sobre o coração e os pulmões, que trabalham enquanto a gente dorme ou acorda, e sabem exatamente o que fazer. Depois, mencionei que quando as pessoas são bebês, as partes que controlam a urina e os intestinos ainda são muito jovens e deixam que tudo vá para as fraldas, quando está pronto para sair . À medida que essas partes ficam mais velhas, eles aprendem a ser "sensitivas", que dizem à criança quando a urina ou as fezes estão prontas para sair, para que a criança possa ir ao banheiro. Quando a criança cresce um pouco mais, algumas "sensitivas" também já cresceram o suficiente para permanecer acordados de noite e dizer à criança para segurar ou para levantar-se e ir ao banheiro.

Agora, ela já sabia que tinha controle sobre seus intestinos à noite, e ocasionalmente acordava muito cedo de manhã para ir ao banheiro. Já conhecia a sensação de ser acordada, portanto ela descobriu que uma parte dela já possuía essa capacidade. Assim, pensamos em uma maneira como aquela parte poderia ensinar à "sensitiva" da urina a fazer a sua tarefa. Ela começou falando de como a sensitiva do intestino se sentia tão sozinha à noite, e assim poderia realmente ter uma amiga com quem ficar durante toda a noite. Nós perguntamos à sensitiva da urina se ela gostaria de ser amiga da sensitiva do intestino e aprender com ela de que modo ficar acordada e dizer à Helen quando devia ir ao banheiro. Afinal, esse era seu verdadeiro trabalho. Helen ficou preocupada com o fato de que, se as sensitivas ficassem acordadas durante toda a noite, estariam muito cansadas para trabalhar durante o dia; mas eu lhe disse que havia quatro delas juntas, um par para o dia e outro par para a noite, e assim nenhuma ficaria sozinha. (Provavelmente as meninas se preocupam mais com isso do que os meninos). Isso fez sentido para Helen, uma vez que estava ciente das sensações diurnas e também pensou nelas separadamente, pois teve o controle dos intestinos e da bexiga em momentos diferentes.

Fizemos a ponte ao futuro e ela pode ver claramente as duas sensitivas trabalhando juntas, felizes. Dentro de algumas semanas ela começou a permanecer seca a noite inteira, todas as noites, e acordava e ia ao banheiro sem mesmo lembrar-se disso. Eu percebi isso porque ela deixava a luz do banheiro acesa, quando o usava à noite. Ela vibrou com essa nova habilidade e sentiu que tinha realmente aprendido de que maneira os outros permaneciam misteriosamente secos. Decidiu que suas partes tinham simplesmente sido muito tímidas antes, para perguntar de que maneira fazer as coisas. Agora que nós falamos com elas, elas entendem tudo.

Eu fiquei muito satisfeita por ter usado uma técnica de ressignificação sobre um problema que eu não tinha me dado conta de que seria sensível à sugestão de maneira tão clara.

A Dra. Susan Chizeck é uma Assistente Social Certificada – com Prática Clínica Avançada, no Texas, e é practitioner de PNL. Geralmente, dá palestras na Universidade do Texas, em Dallas, e é Diretora do Programa de Internamento.

Artigo publicado no Golfinho Impresso nº 53 - junho/1999
Publicado na Anchor Point de Apr/1999
Tradução: H. Cadore

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