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A implicitação (ou dedução) é uma das maneiras mais comuns na qual compreendemos inconscientemente o significado dos eventos na vida diária. A sentença de um orador implica em alguma coisa que o ouvinte conclui. A implicitação foi usada extensiva e deliberadamente por Erickson, como está demonstrado nos exemplos a seguir (alguns parafraseados) com a implicitação em parêntesis:
"Você não quer discutir os seus problemas sentado nessa cadeira. Certamente não quer discuti-los ficando de pé. Mas ao mudar a sua cadeira para o outro lado da sala, isso vai lhe dar uma visão diferente da situação, não é?" (A partir dessa posição diferente, você vai querer discutir os seus problemas.)
"Eu certamente não espero que você pare de molhar a cama nesta semana, ou na próxima, ou nesse mês." (Eu certamente espero que algum dia você pare.)
"A sua mente consciente provavelmente vai ficar muito confusa com relação ao que eu estou falando." (A sua mente inconsciente vai entender perfeitamente.)
Examinando esses exemplos, podemos começar a generalizar sobre a estrutura da implicitação.
1. Existe a suposição de uma divisão mental em categorias que normalmente é um "se/ou" -- aqui/lá, agora/mais tarde, consciente/inconsciente, etc.
2. Essa divisão em categorias pode existir igualmente no espaço, no tempo ou em eventos (assunto e/ou processo).
3. Uma afirmação feita sobre uma metade da divisão se/ou (muitas vezes usando a negação) implica que o oposto será verdade na outra metade.
(Comprove como esses três elementos existem em cada um dos exemplos acima.)
Visto que a implicitação é muitas vezes confundida com pressuposição (que Erickson também usou extensivamente) é conveniente comparar as duas. As pressuposições foram bem estudadas pelos linguistas e foram identificados 29 "ambientes sintáticos" diferentes em inglês. (Veja Patterns of the Hypnotic Techniques of Milton H. Erickson, M. D. Volume I). Entretanto, as Implicitações não foram estudadas, apesar de Erickson ter feito um uso extensivo delas, e por isso uma área muito útil para ser examinada em mais detalhes.
1. Podem ser identificadas sem ambiguidade ao se examinar uma afirmação na forma escrita. A maneira mais simples de identificar pressuposições é negar toda a afirmação, e perceber o que ainda é verdadeiro.
Por exemplo: "Eu estou contente que você tenha a capacidade para mudar rápido e facilmente". Negada, ela se torna: "Eu não estou contente de que você tenha a capacidade para mudar rápido e facilmente". Somente o contentamento é negado; o resto da frase "você tem a capacidade para mudar rápido e facilmente" permanece verdadeiro.
2. São usualmente aceitas de forma passiva e inconscientemente.
3. São usualmente processadas e respondidas inconscientemente, no entanto podem ser identificadas conscientemente e desafiadas. "Você está pressupondo que eu tenho capacidade para mudar rápido e facilmente, e eu discordo".
Implicitações
1. Não podem ser identificadas sem ambiguidade ao se examinar uma afirmação verbal.
Por exemplo: "Lógico, é difícil mudar rápida e facilmente no nosso dia a dia". (Será fácil mudar rápida e facilmente aqui no meu escritório.)
2. São geradas pela dedução do ouvinte, usando suas suposições e visão do mundo.
3. São quase sempre processadas e respondidas inconscientemente. Apesar de poderem ser identificadas conscientemente, não podem ser desafiadas da mesma maneira que as pressuposições porque elas não existem na afirmação. Se um cliente dissesse: "Você está dizendo que eu posso mudar rápida e facilmente aqui no seu escritório?" é fácil responder: "Não, eu só disse que é difícil mudar rápida e facilmente no seu dia a dia, não é verdade?"
Sumário: As Implicitações são muito mais sutis do que as pressuposições, são geradas ativamente pelo processo de dedução do ouvido, são tipicamente processadas inteiramente no inconsciente e não podem ser desafiadas.
Criando e dizendo as Implicitações (um algoritmo)
1. Objetivo. Identifique o seu objetivo para o cliente, o que você quer que aconteça. (Exemplo: o cliente vai falar livremente sobre o problema dele.)
2. Oposto. Pense no oposto desse objetivo. (não falar livremente, manter a informação em segredo, etc.)
3. Categoria se/ou. Use o espaço, tempo ou eventos (assunto/processo) como uma maneira de dividir o mundo em duas categorias (aqui/lá, agora/mais tarde, consciente/inconsciente).
4. Frase. Aplique o oposto do seu objetivo para a categoria contextual que não está presente (lá, depois, outro) e crie uma frase que irá conter o objetivo que você quer que o cliente deduza.
Espaço
"Na nossa vida do lado de fora desse escritório, eu tenho certeza de que você vai se sentir desconfortável em falar sobre assuntos particulares." (Aqui no consultório, você pode se sentir confortável falando sobre qualquer coisa.)
"Se você estiver falando com alguém no trabalho, existem muitas coisas que você não gostaria de discutir sob qualquer condição." (Aqui você pode falar sobre qualquer coisa.)
Tempo
"Na primeira sessão comigo, sem dúvida havia certos assuntos que você não se sentia confortável em revelar." (Nessa sessão, você pode se sentir confortável para revelar qualquer coisa.)
"Na sua terapia anterior, você pode não ter tido vontade de falar sobre certos eventos que eram relevantes para o seu problema." (Agora você está disposto a falar sobre esses eventos.)
Eventos
"Eu quero que você pense com cuidado sobre quais os assuntos que não são relevantes ao problema, e que você gostaria de manter inteiramente para você." (Você pode falar livremente sobre qualquer coisa que é relevante ao problema.)
"Em nosso estado normal acordado, naturalmente existem tópicos que você estaria muito relutante em discutir comigo." (Em transe, você pode facilmente discutir qualquer tópico.)
Outra maneira de pensar sobre esse processo é que o interesse do cliente, objeção ou relutância é completamente reconhecido, ao mesmo tempo em que é colocado num contexto diferente (lugar, tempo ou evento) onde não irá interferir com seu objetivo. As Implicitações também podem ser proferidas não verbalmente, e já que Erickson também fez grande uso disso, será assunto para outro artigo.
Steve Andreas, com sua esposa Connirae, vem aprendendo, ensinando e desenvolvendo a Programação Neurolinguística (PNL) por mais de vinte anos. Eles são autores ou editores de diversos livros e artigos de PNL.
Artigo original "Verbal Implication" foi originalmente publicado no Milton H. Erickson Foundation Newsletter e se encontra no site www.steveandreas.com
Tradução JVF, direitos da tradução reservados.